terça-feira, 15 de setembro de 2009

RELATANDO AS OFICINAS DA TP 5 – ESTILO, COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL – 12/09/09

“Hoje você tem a oportunidade de escrever mais uma página no livro da vida. Você pode escolher as cores que usará.
Mesmo que apareça algum impedimento, você pode matizar de serenidade para convertê-lo em uma bela experiência.
Como você escreverá o dia de hoje?
Mensagem retirada de um email – autor desconhecido

Responder a essa pergunta foi a primeira missão do dia...
Como relatei no último encontro, os cursistas solicitaram sugestões de dinâmicas para trabalhar com a “desenvoltura” dos alunos perante a exposição dos seus sentimentos.
Nossa coordenadora pedagógica, Silvani, preparou uma dinâmica bem descontraída. Escolhi uma mensagem enviada por e-mail “O livro da vida” e realizamos a dinâmica juntos com os cursistas “matemáticos”.
Foi um momento muito descontraído. Pudemos refletir sobre os objetivos de cada um, dentro e fora do Gestar; nossos compromissos; vida pessoal e muito mais...
Cada um confeccionou seu próprio livro e o relatou a um colega. Em seguida, cada um deveria relatar a história contada pelo companheiro.
Saber ouvir e transmitir a mensagem é uma grande sabedoria...
Após a dinâmica, aproveitamos que os cursistas estavam todos juntos (Português e Matemática) e entregamos o material enviado pelo CFORM - sobre Projetos – orientando nossos cursistas. Deixamos claro que as dúvidas que aparecessem durante a elaboração e realização dos projetos deveriam ser sanadas durante os plantões pedagógicos.
Em seguida, apresentamos o cronograma das últimas oficinas do Gestar para a aprovação dos cursistas. Apenas o mês de novembro teve uma ressalva podendo sofrer alterações.
Depois disso, nos separamos e iniciamos os relatos de Experiências da TP 4 – Leitura e Processo de Escrita I.
Considero esse momento o mais importante da Oficina porque nele aliamos teoria e prática e muita coisa interessante é colocada em discussão.
Escolhi o slide do livro “Galileu leu” de Lia Zatz para finalizar os relatos porque considerei coerente o enredo do livro com o tema em questão: Letramento.
Os relatos mais detalhados estão no final desse relatório.
Depois do almoço começamos e estudo da TP 5.
Fizemos a dinâmica “Palavras Soltas” – material oferecido pelo CFORM. Foi um momento bastante descontraído e contribui para a discussão sobre a coerência e coesão textual..
Como relatei no 2º encontro de formadores em Montes Claros, tenho notado que muitos cursistas não têm feito o estudo das TPs, realizando apenas os Avançado na Prática que são solicitados. Por isso, dividi os cursistas em 3 equipes e cada uma deveria fazer o estudo, análise e transposição didática de uma unidade da TP e em seguida fazer o repasse aos demais cursistas.
Essa alternativa nos custou muito tempo na oficina, mas percebi que surtiu efeito. As equipes analisaram as unidades sobre os aspectos positivos e negativos. Relataram que as mesmas possuem uma riqueza e diversidade de textos literários e que muitas atividades das unidades são ótimas auxiliares na produção de variados gêneros textuais.
Não tivemos tempo para trabalhar com os textos de Referência. Orientei os cursistas que fizessem a leitura dos mesmos em casa.
Com relação às atividades a serem desenvolvidas nas oficinas, fizemos apenas a atividade da oficina 10. O resultado obtido com os anúncios publicitários ficou excelente.
Para finalizar, auxiliei os cursistas para o estudo da TP1 – Linguagem e Cultura. Em seguida, os professores fizeram a avaliação do nosso encontro...
Amanda Pedrosa

Aula de Português

A linguagem
Na ponta da língua,
Tão fácil de falar
E de entender.

A linguagem
Na superfície estrelada de letras,
Sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
E vai desmatando
O amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
Atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
Em que pedia para ir lá fora,
Em que levava e dava pontapé,
A língua, breve língua entrecortada
Do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade

E é esse o mistério que nos impulsiona para estudar esta língua tão rica e diversificada.
Os mistérios da descoberta da leitura de mundo, da fantasia e criação dos alunos nos mobilizou nos relatos da TP4.
Alguns cursistas puderam perceber a importância da leitura de mundo, do contexto sócio-comunicativo dos alunos, quando utilizaram a atividade sobre as placas e sinais de trânsito da página 26.
A maioria dos alunos nunca saiu da zona rural e portanto não conheciam as placas apresentadas, bem como o seu principal objetivo. Os poucos alunos que já viajaram relataram que viram algumas – mas não imaginavam o significado delas.
Os professores testaram seus alunos e juntos foram reconhecendo algumas placas e sinais e aprendendo os seus significados e foram sugerindo até mesmo o uso de placas nas portas das escolas, porque muitos motoqueiros passam “voando” próximo a elas. Após o trabalho de reconhecimento de placas e sinais, um professor sugeriu aos alunos que elaborassem placas que indicassem sinais de perigo próximo. Os cursistas constataram a importância de se utilizar a linguagem verbal e não-verbal em sala de aula.
Ao falarmos do conhecimento de mundo dos alunos, foi utilizada a proposta de atividade com o poema Cidadezinha qualquer – Drummond – comparando-a com a realidade da maioria dos alunos que vivem em comunidades rurais.
Foram feitas comparações entre cidades grandes e pequenas e também produções de textos, seguidas de reescritura, sobre a cidade dos sonhos de cada aluno.
Falando em localidades, a atividade relacionada às festas tradicionais foi aplicada pela maioria dos cursistas. Foram feitas pesquisas, convites, produções de textos. Em uma turma foi feita a análise de convites e cartazes sobre festas e em seguida escolheram uma dessas festas para elaborar um convite. Os trabalhos foram apresentados para toda turma e por eles mesmos corrigidos. Em seguida, os trabalhos foram expostos em um mural na escola.
Outra cursista, relatou sobre essa mesma atividade, as dificuldades que seus alunos do 6º ano tiveram para produzir texto informativo sobre a Festa Junina. Os mesmos não têm costume em produzir textos – escrevendo apenas para si, sem pensar na escrita para um determinado interlocutor.
Achei muito engraçado quando ela falou que eles têm o hábito de escrever no final de seus textos a seguinte frase: FIM POR FIM – FEITO POR MIM.
Falando em coisas engraçadas, uma professora utilizou o texto “A Redação e o Dicionário” de Lygia Bojunga e perguntou aos alunos qual livro eles levariam para uma ilha deserta. Imaginem as possíveis respostas – vai de revistas de mulheres peladas até os textos sagrados da Bíblia...
Após os relatos de experiências, ainda fizemos uma observação importante sobre a antiga concepção de que o único responsável pelo “adequado” uso da língua é apenas o professor de Português.
Nem preciso dizer que é um comentário bastante atrasado, não acham?

ENFIM: FIM POR FIM – ESCRITO POR MIM!


“As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão.
Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.”
Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

  1. Que relatório maravilhoso, Amanda! Parabéns pelo texto, pelo diferencial na produção e no relato de seu trabalho e de seus cursistas!!
    Continue nessa trilha, inspirando, relatando, descrevendo, enfim, divulgando o que se tem feito por esse povo mineiro!
    Um abraço.

    Ah, adorei o "fim por fim, feito por mim!" Já estava com saudade de vê-lo, já que me deparei por muitas vezes com esse final tão empolgado e apossado kkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  2. Amiga, vc está demais!
    Adorei o texto.
    Abraços,
    Flô

    ResponderExcluir
  3. Sensacionais as atividades desenvolvidas.
    Parabéns!

    ResponderExcluir