quarta-feira, 18 de novembro de 2009

31/10/09 - OFICINA LIVRE DA TP 1 - LINGUAGEM E CULTURA


Palavras
Titãs
Composição: Marcelo Fromer / Sérgio Britto
Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavra eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
em caso de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol
Como nada é novo debaixo desse nosso sol escaldante e que o assunto Variações Lingüísticas é bastante desafiador, polêmico, extenso e prazeroso, decidi iniciar o estudo da TP 1 com duas oficinas livres.
Pela manhã, começamos o nosso trabalho com o vídeo “Palavras” de Titãs, indicada para ser trabalhada na sala de aula em diversos assuntos – Processos de formação de palavras, classes gramaticais, Língua e Cultura, entre outros.
Em seguida, fizemos o estudo dirigido da história em quadrinhos “Chico Bento – Orador da Turma e finalizamos com o vídeo “Chico no Shopping”.
Analisamos os problemas apontados na história em quadrinhos sobre a educação brasileira – realidade muito próxima da dos nossos cursistas da Zona Rural – escolas pouco estruturadas, com escassos recursos, ambientes desfavoráveis à aprendizagem dos alunos, como menciona o próprio Chico Bento quando diz "que tem até vontade de estudar, o difícil é se concentrar com a escola caindo aos pedaços".
As questões relacionadas às variações lingüísticas trouxeram bastantes “variações” na forma de conduzir o assunto.
Os cursistas se dividiram entre o “gramaticalmente correto” e o “linguisticamente aceito”.
O texto apresenta várias personagens que se expressam de diferentes formas, variando entre o regionalismo do Chico e o “padrão” da professora e do prefeito, fazendo com que alguns cursistas considerassem certa a forma como o Chico se expressa e outros dissessem que sua linguagem seria aceita apenas na oralidade – no seu ambiente social – e que era necessário conhecer o “padrão” e utilizá-lo de maneira correta.
Alguns cursistas consideraram importante valorizar a língua e a cultura de cada um, sem ser necessária transformações bruscas.
Para finalizar nossa manhã, falamos da importância de se respeitar e valorizar as diversidades em defesa da língua “brasileira”.
É necessário envolver nossos alunos nas mais variadas formas de ser expressar, conhecendo-as, respeitando-as e sabendo a função social de cada uma delas.
A tarde, iniciamos com uma entrevista com os professores – Variação Lingüística e o Preconceito Lingüístico – baseada na entrevista feita com Marcos Bagno pela revista “Discutindo Língua Portuguesa Especial” – ano 01, série 01.
Os professores responderam às perguntas e em seguida fizemos um parâmetro entre as respostas dadas por eles e as de Marcos Bagno.
Ao compararmos as respostas, percebi a ansiedade dos professores em saber se as mesmas estavam de acordo com as da entrevista com o lingüista.
O melhor de tudo isso foi perceber que nossos cursistas estão avançando no estudo, preocupando-se em questionar e apontar soluções para o ensino da língua portuguesa no Brasil.
Sei que ainda temos muito para estudar. Mas fiquei satisfeito em perceber que os horizontes estão se abrindo.
Após essa dinâmica, fizemos a transposição didática com o slide “Nada na língua é por acaso – Variações lingüísticas.
Fizemos a avaliação oral da oficina e pedi aos cursistas para estudarem e colocarem na prática o estudo da TP1 para nosso próximo encontro.
Encerramos a oficina com o texto “Gaiolas e Asas” de Rubem Alves.

Termino esse relato com uma frase de Leonardo Boff, em “A águia e a galinha”, dizendo que cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites terrenos. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga?

VOEMOS...


Nenhum comentário:

Postar um comentário